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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Depoimento do Poças-1ª parte

O depoimento abaixo, é da autoria do nosso companheiro António Mário Poças, descreve à sua maneira, o acto heróico que lhe valeu o prémio Governador Geral de Angola.

"Angola África linda:"
"Episódio da minha luta e da minha secção.
Eu, António Mário Poças.

1º cabo atirador do ano de 1971 fui para a tropa para Espinho aonde assentei praça no GACA3 em Paramos aí fiz a recruta depois passei a pronto ao fim de 3 meses fui para a Pesada 2 em Vila Nova de Gaia de onde tirei a especialidade de 1º cabo atirador depois fui para o castelo de Viana para fazer o IAO para depois ser mobilizado e seguir para Angola onde formámos batalhão que era o 3860 em que fiz parte do mesmo e da Companhia 3451 de artilharia onde embarcámos a 17 de Novembro de 1971 e chegámos a Luanda, Angola a 27/11/1971, levou 10 dias, no navio Vera Cruz pois, no dia da despedida, em Lisboa, foi muito sofrimento como antes, toda a gente chorava, pessoas desmaiavam enfim, nem é bom pensar nisso, então, foi um grande terramoto na despedida dos familiares, eu e muitos mais chorávamos mas, já me tinha despedido em casa, depois em Viana, apareceu lá a minha mulher e os meus sogros ao pé da estação da CP, pela 2ª vez custou-me muito foi terrível, com a minha filha de 17 meses ainda me custou mais, enfim, não digo mais nada. Fui para Angola é que era o caminho então, ao sair do navio Vera Cruz, do cais de Alcântara para Luanda, ao sair do rio Tejo, atirou-se um militar do navio, para a água, ainda demos uma volta grande mas, nunca mais apareceu o militar então, lá seguimos e ao passar pelas costas da Guiné e pelo lado equador aonde as ondas eram muito altas o navio balouçou muito então, muitos de nós militares, toca a por a carga ao mar, então, chegámos no dia 27 de Novembro a Luanda, Angola, eu e muitos mais esta noite não dormimos só para ver a baía de Luanda, era muito bonita então, atracámos ao cais pelas 7 horas da manhã depois, quando começámos a sair do navio, para fora, tínhamos um comboio com vagões à espera e muita gente africana então, lá partimos no comboio com destino ao Grafanil, foi uma viagem espectacular aonde tinha lá tropa com tempo de vir embora, tropa com meses dias, depósitos de seres humanos, militar claro, então, quando saímos do Grafanil, com destino à província do Uíge, em meados de Dezembro de 1971 mas, atenção, ainda tivemos sorte porque éramos para partir no dia 14, salvo erro, saímos no dia 16 ou 17 dois ou três dias mais tarde porque tínhamos uma emboscada dos turras preparada para nos atacar e ali só tem montes de um lado e do outro, eles os turras faziam mais prejuízo contra nós á pedrada do que nós com armas enfim, tivemos sorte em não sermos atacados porque nós íamos 12 a 15 militares em cada viatura, com as grades de lado, só podíamos sair pela traseira, era muito perigoso enfim, graças a Deus, lá chegámos ao destino que era Lucunga. Então, começámos a nossa tarefa dos 24 meses de onde foi muito difícil , lá íamos para a mata 3 e 4 dias, comíamos ração de combate e bebíamos água, quando estávamos no quartel, íamos à lenha e à água, formávamos um piquete de 12 ou 15, às vezes éramos menos, íamos também à areia e à pedra para as obras do depósito da água que era o 3º posto da guarda. Fizemos uma cabine no rio para pôr um motor para trazer a água para o quartel... (cont....)

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