A ponte inaugurada na região do Bembe está a permitir a mobilidade de pessoas e bens entre as províncias do Uíge e do Zaire
Fotografia: Filipe BotelhoUíge
Foi com dança e cânticos que a população da comuna do Lucunga, no município do Bembe, a cerca de 71 quilómetros da cidade do Uíge, manifestou a sua satisfação pela reposição da circulação rodoviária entre aquela localidade e a sede municipal, separadas há 17 anos. A ponte sobre o rio Lucunga foi destruída em 1994, durante o conflito armado que assolou o país. A chuva miúda que caía sobre a região foi incapaz de impedir que a nova ponte, a maior da província, com 117 metros de comprimento e sete de largura, fosse inaugurada para facilitar a mobilidade de pessoas e bens naquela parcela do território nacional, que faz fronteira com o município do Nzeto, na província do Zaire. Pedro António, que é natural do Bembe e vive na vila do Songo há muitos anos, lembra que durante o tempo em que a ponte esteve destruída arriscou muitas vezes a própria vida atravessando o rio sobre canoas precárias para visitar os parentes, que vivem no Nzeto.“Já me arrisquei muito para poder ver a minha família, sobretudo no período chuvoso, em que o caudal do rio aumentava e muitas vezes as águas transbordavam as margens. Há alguns dias que as obras de reabilitação desta ponte terminaram e a circulação de pessoas e carros passaram a estar mais facilitadas, além do transporte de mercadorias”, disse.O governador Paulo Pombolo, que inaugurou a infra-estrutura por ocasião dos festejos dos nove anos de paz, destacou a importância estratégica da ponte no desenvolvimento da província, em geral, e da região do Bembe, em particular, tendo em conta que a reposição da circulação entre a comuna do Lucunga e a sede municipal do Bembe vai reanimar o comércio e a agricultura entre as diferentes localidades do município, além de retomar a ligação terrestre com a província do Zaire.“A inauguração desta ponte reveste-se de extrema importância para o desenvolvimento desta região. Parte da estrada que liga a nossa província à do Zaire está a ser reabilitada e logo que esteja concluída podemos retomar a ligação terrestre com aquela província. Esta ponte, de acordo com as orientações dos técnicos, suporta apenas 30 toneladas, por isso os automobilistas não devem ultrapassar esta lotação, de modo a evitar acidentes ou a destruição da ponte”, alertou.José Alberto Bunga, administrador municipal do Bembe, afirmou que “é necessário conjugar esforços para o desenvolvimento desta parcela do território nacional, e a administração pública tem feito a sua parte para melhorar as condições de vida da população.
Durante estes nove anos de paz, empenhámo-nos na construção e reabilitação de várias infra-estruturas sociais, como estradas, unidades sanitárias, escolas e, agora, esta ponte”, sublinhou, apelando aos homens de negócios que façam também a sua parte, investindo na região.Lembrou ainda que a construção e reabilitação destas infra-estruturas só foi possível graças ao calar das armas, da reconciliação nacional e da visão estratégica do chefe do Executivo angolano, José Eduardo dos Santos, que pretende que se construa uma Angola que dê uma vida digna a todos os seus filhos.O administrador disse que, a partir de agora, a principal aposta do seu pelouro é a reabilitação das principais vias de acesso às comunas e aldeias.“As obras de reabilitação dos troços Toto/Kimaria, Toto/Vale do Loge, Lucunga ao Wando Sundi e Nzagi são algumas obras que demonstram claramente os ganhos que a paz trouxe em benefício das populações locais”, disse. Mas agora, continuou, é necessário o envolvimento de todas as forças vivas da sociedade para melhorar as condições sociais, técnicas e económicas do município.
Sinal da Rádio e Televisão
Paulo Pombolo inaugurou, também, no município do Bembe, a estação retransmissora semi-profissional que transmite o sinal do canal 1 da Televisão Pública de Angola, através da instalação de um emissor de 10 Watts com um raio de acção que atinge dez quilómetros de distância. No centro de produção radiofónico do Bembe foi instalado um emissor de 250 Watts, uma cabine de emissão e a transmissão dos seus programas pode ser ouvida num raio de 150 quilómetros de distância.“Foram inaugurados a central retransmissora do sinal da TPA e o centro de produção radiofónico neste município. A partir de agora, quem tem uma televisão ou um rádio em casa vai poder acompanhar as notícias do país e do mundo, ver e ouvir programas de entretenimento e outros”, referiu o governador.
Mais unidades sanitárias
O município do Bembe passou também a dispor de três novos postos de saúde nas localidades de Bonde, Kulo e Makoko, além de um centro materno-infantil na sede comunal do Lucunga. Os postos de saúde inaugurados pelo governador do Uíge têm, cada um deles, serviços de consultório médico, sala de tratamento, salas de internamento, farmácias e balneários. Segundo o governador, “são enormes as acções que o executivo provincial e a administração municipal do Bembe têm feito com vista a melhorar a assistência médica e medicamentosa às populações locais, como é o caso do centro materno-infantil do Lucunga, que vai prestar serviços de pediatria, puericultura, maternidade, planeamento familiar, vacinação e análises clínicas, entre outros serviços, que vão ajudar a combater doenças pré-natais e de pós-parto, além de influenciar na redução da mortalidade materno-infantil na região”.
Bembe já tem luz
Há décadas que o município do Bembe não tem energia eléctrica. O uso de pequenos geradores e de candeeiros artesanais a petróleo tem sido a alternativa para os populares iluminarem as suas casas. Para solucionar o problema, o governo provincial adquiriu e instalou na vila do Bembe um gerador com 350 KVA.O fornecimento da energia eléctrica às populações pode acontecer nos próximos dias, tão logo o empreiteiro contratado conclua a instalação da rede de distribuição domiciliar, garantiu o governador.Paulo Pombolo anunciou igualmente que foi instalado um sistema para captação, bombeamento e distribuição de água potável à sede municipal e às comunas de Lucunga e Kimaria, cujo funcionamento é assegurado por grupos geradores de 15 KVA. “Há algum tempo que a água tinha deixado de jorrar nos fontanários da sede municipal do Bembe e nas regiões de Lucunga e Kimaria. O governo da província e a administração municipal instalaram os equipamentos para a captação, bombeamento e distribuição de água nestas localidades. Agora, a população já consome água tratada”, afirmou.
Requalificação da vila
Para dar mais dignidade aos moradores da vila do Bembe e proporcionar outra imagem arquitectónica àquela localidade, a administração local elaborou um plano de requalificação do município, que já foi apresentado e aprovado pelo governo provincial. O mesmo envolve acções de arruamento e loteamento de terrenos para construção dirigida e urbanizada.Paulo Pombolo prometeu aos munícipes do Bembe que “o projecto vai começar a ser implementado nos próximos dias. Estamos apenas a identificar um empreiteiro com capacidades técnicas apuradas para o executar”. A comuna do Lucunga também passou a dispor de um banco de urgência com capacidade para internar seis pessoas e um edifício completamente reabilitado e apetrechado para o funcionamento dos diferentes serviços da administração comunal local.
Manutenção da paz
“Trouxemos à população do Bembe e a toda população do Uíge uma mensagem de paz e concórdia, de modo a garantirmos a estabilidade política e social na província, porque sem estes dois factores as nossas mamãs não vão poder continuar a lavrar os campos, os jovens não vão poder dar continuidade aos seus estudos e os mais velhos não vão poder continuar a dar o seu contributo para o desenvolvimento da província, em particular, e do país, em geral”, disse o governador.Paulo Pombolo referiu que, para se alcançar o desenvolvimento do país é necessário que a unidade entre os angolanos seja cada vez mais fortalecida. No município do Bembe, o governador Paulo Pombolofez a entrega de motorizadas aos funcionários da administração municipal.Foram também entregues mais de 20 cabeças de gado bovino para o repovoamento animal, na região, embarcações e equipamentos para a pesca artesanal, chapas de zinco, roupa usada, cobertores, material de cozinha, enxadas, catanas e pelo menos cinco toneladas de bens alimentares para serem distribuídos às populações mais carenciadas do município.
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