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quarta-feira, 20 de julho de 2011

A nova função do "Solar do Prakistão"

Aulas em escombros coloniais no Lucunga

Por causa da falta de salas de aulas na comuna de Lucunga, município de Bembe, província do Uige, uma boa parte das crianças recebe lições diárias sob o céu aberto, dentro de alguns escombros, que datam do tempo colonial.
E, quando chove, as aulas têm de ser interrompidas.
Curiosamente, a situação ocorre mesmo na zona adjacente à administração comunal da vila, não muito longe da representação das autoridades tradicionais, onde a nossa reportagem abordou o chefe do sobado, Pedro Almeida, que ressaltou a vontade do povo do Lucunga, cuja preocupação consiste em não deixar nenhuma criança fora do sistema de ensino.
“O importante é não deixar nenhuma criança sem estudar, porque nós já não tivemos sorte de nos formar”, alegou, adiantando que ele e a sua comunidade estão dispostos a qualquer situação, ainda que seja entrar na mata, arrancar paus e capim, para construir uma sala de aulas. O caso não obrigou os moradores do Lucunga a deambular pelo mata adentro, mas forçou-os a transformar três compartimentos de estruturas totalmente destruídas pelas guerras que assolaram a região em possíveis salas de aulas, acrescentando, desta forma, três turmas a cada turno.
A iniciativa foi da secção da educação local.
“Foi por isso que decidimos transformar esses espaços destruídos pelas guerras em salas”, explicou, recordando que a capacidade da escola construída pelo governo não responde à demanda da comuna, que cresce de forma muito assustadora.
Neste contexto, o soba reconheceu que a população do Lucunga aumenta de dia para dia, tendo admitido que a procriação, para o seu povo, chega mesmo a ser encarada como um meio para diminuir a pobreza.
“A maior parte das pessoas aqui pensa que tendo muitos filhos, pelo menos um vai ser rico, outro estudioso e outro ainda bom em negócios, precisou.
Certo de que o Executivo tem sido notificado sobre a realidade populacional do Lucunga, bem como dos indicativos da evolução dos habitantes da região, o soba da comuna classificou o esforço do Governo Provincial como insuficiente, recomendando, por isso, a Paulo Pombolo e aos seus colaboradores directos que se dediquem mais a rever os dados estatísticos enviados por municípios, comunas, aldeias e quimbos, que ao controlo que à população diz respeito.
Importa referir que o Lucunga é a comuna mais habitada do município do Bembe, ao ponto de superar, neste contexto, a própria sede municipal.
Aliás, a vila apresenta uma arquitectónica habitacional mais evoluída do que a das outras paragens do Bembe, isso sem esquecer o seu povo, que se revela com um espírito de querer vencer as dificuldades, investindo na educação e saúde, ainda que por meios próprios, como fez saber o ancião.
Por isso, não espanta que Pedro Almeida, o administrador comunal e os responsáveis do ensino do Lucunga, para além de fazerem nascer salas de aulas dos escombros da guerra, estejam a arriscar o ensino secundário do II Ciclo, vulgo ensino médio, mesmo com o reconhecido factor da falta de professores.
“Este ano lectivo implementámos a I0 ª Classe, para não esperarmos mais pelos professores do concurso público, que muitas vezes nem chegam a ser encaminhados para a comuna”, disse, tendo revelado ainda a intenção de ver os seus filhos partirem do Lucunga para a sede do Uige, apenas para frequentarem o ensino superior, que o ancião até gostaria de ver na sua terra natal.
A sede da comuna possui apenas uma escola com os níveis primário e secundário do I Ciclo, o que permite às crianças da área frequentarem da 1ª à 9ª Classe. Antes da instrução nos escombros, o processo de ensino-aprendizagem desenrolava-se em apenas seis salas da única escola da sede comunal.
No entanto, já existiam salas feitas pela comunidade nos bairros da cercania.
Há três anos na liderança do poder tradicional da vila de Lucunga, Pedro Almeida, que sucedeu no cargo ao seu irmão Cássia Dongala, está cansado de promessas do governo do Uige, pelo que apela aos homens do pelouro para se pautarem por um sentido de compromisso com base na sinceridade.
“Até fizemos pedido de chapas de Zinco, a fim de cobrir os escombros, mas nem para tal fomos tidos ou achados”, contou, desabafando que, na pior das hipóteses, a solução tem passado por “andar através de meios próprios”.
Alberto Bambi
18 de Julho de 2011





Na qualidade de antigo residente do "Solar do Prakistão", acho fantástico que as paredes ainda estejam de pé, congratulo-me com a nova função da casa...é pena que chova lá dentro, deve faltar iniciativa para promover a cobertura. Seria óptimo que o pessoal da CART 3451 pudesse ajudar.


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